segunda-feira, 20 de abril de 2015

Desenvolvendo a autonomia do seu bebê

Você faz tudo para o seu bebê? Tudo até encaixar um bloco de brinquedo que ele não está conseguindo? Veja só: um estudo realizado na Universidade de Montreal com 78 mães e filhos mostrou que, quando elas dão autonomia às crianças, há um impacto positivo na função executiva, um dos pilares do desenvolvimento cognitivo. Essa função engloba a memória de trabalho, raciocínio, capacidade de resolução de problemas e flexibilidade de tarefas, além da capacidade de planejamento e execução de atividades.
Para o estudo, as famílias foram visitadas em duas ocasiões: quando a criança tinha 15 meses e depois, ao completar 3 anos. Na primeira visita, foi pedido à mãe que ajudasse o filho a completar uma tarefa com um nível de dificuldade consideravelmente alto. Essa atividade durava cerca de 10 minutos e foi gravada em vídeo para que os pesquisadores pudessem analisar o tipo de suporte materno. Ou seja, se ela o encorajava, se era flexível, se incentivava e respeitava o ritmo da criança.
Quando as crianças completaram 3 anos, os cientistas, por meio de uma série de jogos adaptados, avaliaram a força da memória de trabalho e da capacidade de pensar sobre vários conceitos simultaneamente. Aquelas que obtiveram melhores pontuações tinham mães que ofereciam um suporte consistente ao desenvolvimento de sua autonomia.
Autônomo desde cedo?

Você pode até achar exagero dar autonomia ao bebê desde pequeno. Mas trata-se de um processo gradual, que vai se desenvolvendo à medida que o seu filho realiza novas conquistas e adquire condições que contribuem pouco a pouco para que ele se torne independente. “Nós não ‘damos’ autonomia a uma criança, nós vamos ensinando e deixando que ela tente resolver questões, situações e conflitos nos quais houve uma orientação prévia, para que possamos reforçar os conceitos educativos e valores morais ensinados anteriormente. Neste sentido, a escolha da criança não é autônoma, mas supervisionada por pais ou responsáveis”, explica a psicóloga Rita Calegari, do Hospital São Camilo (SP).
Por isso, não se assuste: incentivar essa independência do seu filho é muito diferente de deixá-lo tomar decisões e fazer escolhas por conta própria. “Esse estímulo desde bebê é extremamente desejável. Para um desenvolvimento psicológico saudável é necessário que se interaja com o ambiente e que este o desafie, isto é: propor à criança situações que estimulem a busca ativa por soluções”, explica o psicólogo e neurocientista Hudson de Carvalho, do Código da Mente. 
Isso quer dizer que você deve estar ao lado da criança, orientando no que for possível, incentivando a realização de tarefas e propondo novos desafios, sempre permitindo que ela supere seus limites e explore o ambiente, dentro do que for seguro. “Dar espaço e oportunidade ao bebê é um ato de amor, cuidado e desprendimento”, explica o psicólogo Hudson.
É precisamente este terceiro item que representa o maior obstáculo para os pais: todo mundo quer ver o filho feliz e realizado, por isso é difícil (e doloroso) vê-lo lidar com o erro e a decepção sem interferir.  “O desprendimento surge quando o pai e mãe permitem que a criança lide com a frustração. Deve-se dar incentivos para que o bebê tente resolver algo que tenha condições de dar conta sozinho”, completa Hudson.
Quer saber como, no dia a dia, você pode incentivar a autonomia do seu filho? Confira abaixo dicas que você pode aplicar de acordo com a idade da criança:
- Envolva a criança aos poucos em pequenas escolhas do dia a dia. Deixe-a decidir qual será a sobremesa do almoço de sábado, por exemplo. Dê opções de trajes para que decida o que prefere vestir, apresente diferentes livros. Dica: limite o número de opções para que ela não se sinta perdida.
- Deixe o seu filho ciente sobre os ônus e bônus de toda a escolha, antes que ela decida o que quer e dê tempo para que possa refletir.
- Se a criança se arrepender da escolha que fez, ensine-a a lidar com a frustração! Explique que é assim mesmo, que haverá outras oportunidades e que ela fez o que achou melhor para aquele momento. Não a critique ou diga "eu te disse!".
- Separe todos os dias 30 minutos para brincar com seu filho e neste período de tempo se proíba de corrigi-lo, repreendê-lo e guiar a brincadeira. Faça aquilo que ele indicar que quer fazer - desde que não o coloque em risco, claro!
Fonte: Revista Crescer

segunda-feira, 13 de abril de 2015

O papel dos pais na lição de casa dos filhos, fonte Revista Crescer

Um longo estudo realizado na Universidade do Texas (EUA) observou os efeitos do envolvimento dos pais na vida acadêmica dos filhos. Após três décadas de pesquisa e rastreamento de mais de 60 tipos de relação parental na educação, de ajuda com o dever de casa até a realização de trabalho voluntário na escola, cientistas descobriram que – sim, acredite! – alguns tipos de participação, incluindo ajudar com a lição, na verdade puxam o desempenho para baixo. Para a autora do estudo, Keith Robinson, isso está relacionado ao fato de que muitos pais se esquecem – ou nunca entendem completamente – aquilo que a criança está aprendendo e acabam confundindo a cabeça do filho. Abaixo, você confere alguns conselhos para não cair no mesmo erro:
Cuidado com o que fala
A forma como o adulto percebe a lição de casa pode influenciar a relação da criança com a tarefa. Se você fala algo do tipo “termine logo esse dever para a gente sair”, a criança vai introjetar a informação de que aquilo é uma obrigação chata. Perceba como o seu filho enxerga aquela tarefa, se tem dificuldades ou dúvidas, se está se esforçando para terminar. A partir daí, tente ajudá-lo em seus pontos fortes, sempre explicando que a lição de casa é muito importante para ajudá-lo a entender o conteúdo aprendido.
Fique com ela, mas não o tempo todo
Demonstrar interesse pelo dia a dia escolar da criança e apoiá-la no momento da lição dará mais segurança para que ela realize as atividades. A ajuda, porém, deve ser dosada. Ficar o tempo todo ao lado dela pode fazer com que se sinta pressionada. Sente-se ao lado do seu filho, leia o enunciado e veja se ele está confiante para fazer a lição. Depois disso, saia de perto para que ele possa fazer com calma. Só não deixe de ficar próximo o suficiente para que ele encontre você no caso de alguma dúvida.
Não faça nada no lugar dela
Por mais ajuda que você queira dar, tome cuidado para não impedir que a criança se apodere de seu papel de estudante. Caso contrário, ela vai aprender que os pais sempre podem resolver as coisas por ela. Além disso, a professora não vai ter noção da evolução da criança.
Cuidado com as cobranças
Um pai que assume postura exigente pode criar traumas, frustração e ansiedade. Respeite o ritmo do seu filho e não se esqueça de que você está no papel de pai e não de professor. Uma atitude intransigente em relação à lição de casa pode fazer com que ele tenha dificuldade de distinguir esses dois papéis.

Erro? Não corrija
Já diz o ditado que é por meio dos erros que se chega ao acerto. Isso quer dizer que, se você perceber que seu filho errou uma palavra ou a resposta do exercício, o melhor que pode fazer por ele é dar elementos para a reflexão. Qual você acha que é a resposta certa? Você pesquisou em seu material? Acha que o que você fez está correto? Esses são alguns exemplos de frases que podem ser usadas nesse momento. Se o seu filho não conseguir perceber o erro, fique tranquilo. É papel do professor auxiliá-lo com a correção.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Brincar ao ar livre faz MUITO BEM :)

Seu filho mal começa a engatinhar e já descobre como é divertido explorar um gramado e tocar em plantas e flores. Os meses passam e ele se diverte ao soprar bolhas de sabão, construir castelos de areia, chutar bolas, subir em escorregadores e árvores. Logo está pedindo para brincar de pega-pega, esconde-esconde e corrida. Então descobre a amarelinha, o corre-cotia, o cabo de guerra e tantas outras atividades perfeitas para espaços abertos de todos os tamanhos: do quintal de casa e da praça do bairro, passando pelos parques da cidade e até praias e campos que se estendem a perder de vista.
As brincadeiras dentro e fora de casa se completam e são igualmente importantes para o desenvolvimento das crianças. Mas tem algo que só o ambiente externo pode proporcionar: a integração com o espaço natural. “É importante andar na areia, na grama, na terra e no chão duro, sentir como todas essas superfícies são diferentes. E também reparar em nuances na luminosidade do dia, que varia de manhãzinha, na hora do almoço e ao entardecer”, explica André Trindade, psicólogo e psicomotricista do Núcleo do Movimento, em São Paulo.
As opções são muitas e os lugares abertos podem proporcionar momentos simples e divertidos. Vale conversar com a criança sobre tudo o que há no lugar: animais, plantas e objetos. Em um sítio, por exemplo, dá para repetir os sons dos bichos e alimentá-los e deixar as crianças colherem frutas de árvores. Na praia, vocês podem fazer castelos e desenhos na areia. No início, algumas crianças têm medo de entrar na água, mas o receio é normal, já que se trata de uma descoberta de um espaço sem fronteiras, muito distinto do quarto, da sala ou de uma brinquedoteca. Para quem tem filhos pequenos, vale esta dica: firmar um ponto ao redor do qual vocês possam brincar juntos, seja um banco ou um colchonete, até que eles alcancem segurança para ir cada vez mais além.
Todas essas ações colaboram para enfrentar o desafio contemporâneo de uma infância entre quatro paredes. “Diferentemente de um tempo não muito distante, em que se brincava na rua e nos campinhos, divertir-se ao ar livre é, hoje em dia, uma experiência mais rara, em especial nas grandes cidades”, diz Tania, Ramos Fortuna, professora de Psicologia da Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Um mundo à espera
Experiências como essas são, sob diversos aspectos, fundamentais para o desenvolvimento infantil. Antes de tudo, há os benefícios para o corpo, que vão muito além das vantagens mais óbvias, como tomar sol (em horários adequados) e exercitar-se. Quando brinca ao ar livre, seu filho se move com mais liberdade, conhece a si mesmo, testa velocidades e distâncias. “Tudo se torna mais distante e amplo em comparação com o quarto e demais ambientes fechados. Com isso, a criança precisa explorar o espaço em outra escala: deslocar-se, conduzir objetos e ocupar o entorno com próprio corpo”, diz Tania.
E os ganhos corporais não param por aí: nos primeiros cinco ou seis anos de vida, quanto mais a criança se movimenta e aciona grandes músculos – como das pernas e dos braços – maior é o estímulo ao cerebelo, região localizada na base do cérebro, onde acontecem as sinapses (conexões entre os neurônios). O resultado desse processo é o desenvolvimento de habilidades como organização espacial e equilíbrio, decisivas para todas as outras competências motoras futuras. Nesse sentido, brincar em locais fechados ajuda, mas não com o mesmo impacto.
Sem contar a força extra que o sistema imunológico ganha com os inevitáveis arranhões e o contato com as bactérias presentes no ambiente. “É certo que os pais devem garantir que os filhos brinquem em lugares seguros. Mas meninos e meninas precisam se machucar – eles mostram casquinhas de feridas como troféus da batalha da vida, que é capaz de se refazer e se reconstituir. E precisam disso até mesmo para saber a diferença entre um pequeno raspão e um eventual machucado mais sério”, explica o psicólogo André.
Mas o que muda quando pais e filhos embarcam juntos nesse tipo de diversão? “Rompe-se a hierarquia estabelecida e todos se encontram em um plano no qual podem experimentar, com seus corpos, uma experiência lúdica capaz de enriquecer, e muito, as relações familiares”, diz Tarcísio Mauro Vago, professor da Escola de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Uma iniciativa simples e muito prazerosa é resgatar brincadeiras que vocês, adultos, curtiam quando crianças e apresentá-las aos filhos, de acordo com a faixa etária deles – seja pipa, peteca, barra-manteiga, bola de gude ou ciranda (veja mais dicas abaixo). Dessa forma, eles têm a chance de, a um só tempo, participar de uma prática rica em trocas interpessoais e usufruir de um patrimônio que pertence à cultura brasileira.
Uma chance ao diferente
É nos espaços abertos ainda que as famílias têm excelentes oportunidades de incentivar os filhos a interagir com crianças de diferentes idades, sejam irmãos, primos ou parceiros de brincadeiras. “Nas escolas, o convívio se dá essencialmente entre crianças da mesma faixa etária. Isso é prejudicial, pois os mais novos têm muito a aprender com os mais velhos, que por sua vez aprendem ensinando os pequenos”, diz André.
Para pais com crianças de idades distintas, não há dilema: ainda que um dos filhos já corra, salte, pule e o outro esteja apenas começando a descobrir o mundo, cada qual, dentro de suas limitações, terá sua maneira de interagir consigo mesmo, com os outros e com o ambiente ao redor. Se a sua família ainda não tem esse hábito, comece já a praticá-lo!
Fonte : Revista Crescer